Seu Filho Está Ansioso?

Entenda os Sintomas e Saiba Como Ajuda

Laura

4/29/20254 min read

🧒 Ansiedade na infância

Durante a infância, a ansiedade pode se manifestar de formas diferentes das dos adultos. Crianças nem sempre conseguem nomear o que sentem, então é comum que a ansiedade apareça através de comportamentos — como choro frequente, birras, dores físicas sem causa médica (dores de barriga, cabeça), dificuldade de ir à escola ou de dormir sozinhas.

O que dizem os estudos:

Estudos epidemiológicos apontam que entre 9% e 20% das crianças podem apresentar algum tipo de transtorno de ansiedade, como transtorno de ansiedade de separação ou fobia social.

Como identificar ansiedade infantil:

  • Dores de barriga ou cabeça sem causa médica

  • Choro frequente ou birras exageradas

  • Recusa escolar ou medo de ficar longe dos pais

  • Medos intensos (escuro, dormir sozinho, etc.)

Como a TCC ajuda crianças a lidarem com a ansiedade
Na perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), trabalhamos com três pilares: pensamentos, emoções e comportamentos. A criança aprende a reconhecer suas emoções, identificar pensamentos que a deixam mais ansiosa e desenvolver estratégias para enfrentamento.

Exemplos práticos:

  • Uma criança que tem medo de dormir sozinha pode pensar: “Algo ruim vai acontecer se minha mãe sair do quarto”. A TCC ajuda a identificar esse pensamento, avaliar se ele é realista e substituí-lo por algo mais funcional, como: “Estou segura, minha mãe está por perto”

  • Através de recursos lúdicos (desenhos, jogos, histórias), a criança aprende a nomear emoções, usar a respiração profunda, construir um “plano de coragem” e praticar pequenas exposições graduais ao que a assusta.

Dicas para pais e responsáveis ajudarem crianças ansiosas

Apoio, presença e estratégias práticas fazem toda a diferença

A ansiedade não desaparece sozinha com o tempo — ela precisa ser acolhida, compreendida e manejada com suporte emocional e estratégias consistentes. Quando os adultos ao redor da criança aprendem a reconhecer os sinais e a responder de maneira sensível, a criança se sente mais segura para lidar com seus medos. Abaixo, algumas ações fundamentais que fazem parte de intervenções reconhecidas por abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC):

✅ Valide os sentimentos da criança, sem minimizar

Exemplo: “Você está com medo? Eu estou aqui com você.” ou “Entendo que você esteja nervoso com isso.”

🔎 Por que isso ajuda:
Validar as emoções é essencial para o desenvolvimento da autorregulação emocional. Estudos mostram que quando os cuidadores reconhecem o que a criança sente sem julgar ou corrigir (“Não precisa sentir isso”, “Que bobeira!”), ela se sente compreendida e mais capaz de nomear e organizar o que está acontecendo dentro dela. Isso cria uma base de segurança emocional (Beck, 2020; Petersen, 2009).

✅ Crie rotinas claras e previsíveis

🔎 Por que isso ajuda:
A previsibilidade diminui a sensação de incerteza, que é um gatilho comum da ansiedade infantil. Ter horários definidos para acordar, comer, brincar e dormir ajuda a criança a se organizar internamente e reduz o estresse antecipatório (quando ela “sofre por antecedência”). A TCC reconhece que a sensação de controle é um elemento protetor contra a ansiedade (Beck, 2020; Artmed, 2022).

✅ Ensine respiração profunda e construa juntos um “kit da calma”

Exemplo: Um potinho com massinha, desenhos, cheirinhos relaxantes ou uma playlist de músicas calmas.

🔎 Por que isso ajuda:
Técnicas de respiração profunda ativam o sistema nervoso parassimpático, responsável por acalmar o corpo. Quando a criança aprende a usar esse recurso no momento da ansiedade, ela tem uma estratégia concreta para lidar com o desconforto. O “kit da calma” é uma forma lúdica e acessível de trazer regulação emocional — algo muito incentivado nas práticas da TCC com crianças, pois oferece opções concretas para sair do ciclo de medo-evitação (Petersen, 2009).

✅ Nomeie as emoções junto com ela

Exemplo: “Parece que você está com raiva e também um pouco com medo. É isso?”

🔎 Por que isso ajuda:
Muitas vezes, a criança sente, mas não sabe dizer o que sente — isso gera ainda mais angústia. Ajudá-la a identificar emoções amplia sua consciência emocional e é o primeiro passo para que ela possa aprender a lidar com o que sente. Esse trabalho de alfabetização emocional é central nas intervenções baseadas em TCC (Judith Beck, 2020).

✅ Reforce pequenas conquistas com elogios sinceros

Exemplo: “Você conseguiu dormir no seu quarto hoje, mesmo com medo! Que corajoso!”

🔎 Por que isso ajuda:
O reforço positivo encoraja a criança a continuar enfrentando situações difíceis. Ele constrói autoconfiança e ajuda a criança a perceber sua própria capacidade. Segundo a TCC, encarar os medos de forma gradual e perceber que “conseguiu” é essencial para quebrar o ciclo de evitação, que mantém a ansiedade ativa (Artmed, 2022).

É comum que crianças sintam medo, insegurança ou vergonha em situações novas — isso faz parte do desenvolvimento. No entanto, quando esses sentimentos se tornam frequentes, intensos e atrapalham a rotina, vale acender um sinal de alerta.

🆘 Quando procurar ajuda?

Você pode considerar procurar a ajuda de um psicólogo infantil quando:

  • Os medos da criança são muito intensos e desproporcionais à situação (ex: medo de ficar longe dos pais mesmo em lugares seguros, como a escola).

  • Ela apresenta sintomas físicos recorrentes, como dores de barriga, enjoos ou dificuldade para dormir, sem causa médica aparente.

  • Há uma recusa persistente em ir à escola, participar de atividades sociais ou se separar dos pais.

  • A criança evita constantemente situações que antes gostava.

  • Os comportamentos ansiosos causam sofrimento emocional e interferem nas relações familiares, escolares ou sociais.

A psicoterapia infantil, especialmente com base na abordagem Cognitivo-Comportamental, ajuda a criança a reconhecer suas emoções, entender seus medos e construir estratégias de enfrentamento de forma lúdica e segura.

Buscar ajuda não significa que algo está “errado” com a criança — é, na verdade, um gesto de cuidado e prevenção.